Máscaras Que (Des)Cobrem O Eu
Arteterapia é a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos. Auxilia a expressar sentimentos, facilita a reflexão. A finalidade da arteterapia são as mesmas da psicoterapia, sendo então necessário que ambos estudos sejam realizados em conjunto.
O maior debate sobre arteterapia está nas separações bem distintas: Arte em terapia ou Arte como terapia, Janie Rhyne, notória Arteterapeuta, defendia que o valor terapêutico está tanto no processo de criação, quanto nas possíveis reflexões e elaborações sobre os trabalhos realizados.
Seja na abordagem da Arte como terapia ou em terapia, não podemos negar que se tornou uma grande ferramenta à psicoterapia, a importância de observação da singularidade de cada um, pela linguagem simbólica e análise da mesma.
A Sinergia, da arte com a psicoterapia, na junção do processo analítico da pessoa, como a sua forma de se expressar, da integração do estudo com o lúdico. E o mais importante de uma fonte de aprendizado sobre si mesmo.
Máscara e Persona
O simbolismo da máscara, varia em diversas culturas e costumes. É um adereço, que pode ser utilizado como fachada, um disfarce, artístico e até mesmo religioso. Pode esconder ou revelar uma identidade, e quem sabe até transmutá-la.
As máscaras transitam, pela história humana desde muito tempo. No teatro grego, normalmente utilizadas no teatro, como uma forma de representar as entidade mitológicas.
No oriente, em Bali, elas representam o bem e mal, quando estão duelando. No carnaval, as máscaras invertem os papéis e não mais escondem as tendências mas sim as expõem.
Para os balineses, chineses e africanos, as máscaras não devem ser manipuladas de modo descuidado. Elas possuem usos rituais, motivo pelo qual devem receber cuidados especiais.
No Egito Antigo nas máscaras funerárias, os olhos eram furados nas máscaras simbolizava o nascimento da alma do morto no outro mundo.
Como mencionado anteriormente, a arteterapia andará muito próxima da psicoterapia, razão pela qual precisamos revisitar o conceito de Persona, fazendo a ponte da pintura proposta, com essa máscara social.
Persona, uma palavra derivada do Latim, significa máscara literal. Já no âmbito analitico, significa as “máscaras que todos vestimos para nos sustentarmos em âmbito social.
“Persona é uma espécie de máscara, projetada por um lado, para fazer uma impressão definitiva sobre os outros, e por outro, dissimular a verdadeira natureza do indivíduo”. – C. G. Jung.
As máscaras são símbolos de identificação.
“Por apropriação “mágica”, seja na aparência e/ou comportamento e poderes, o usuário desperta de si as características que projetava na figura representada.” Henrique Vieira Filho
“Ferramenta de adaptação, recurso de defesa psíquica, todos nós mascaramos em nosso dia-a-dia e o único e verdadeiro risco é o de se apegar aos papéis que exercemos.” Henrique Vieira Filho
Vivência
A proposta para esse contato, singelo, com a arteterapia, será através da pintura. Acredito que essa seja um caminhar para o desbloqueio, pois o cliente será guiado pelas imagens, cores, desenhos, traços, formas e o que mais fluir nesse processo. Conforme ele se entrega a essa experiência, mais dele irá surgindo, mais sentimentos profundos vão emergindo.
Utilizem como materiais para a vivência: máscara e lápis de cor.
A máscara deve ser simples, um rosto, sem conotação de ser masculino ou feminino, um simples ser humano.
Escolham as cores, sem se preocupar se está correto ou não. Pensem no que desejam criar, se irão desenhar, se irão somente deixar as linhas fluírem, pensem nas máscaras que utilizam no dia a dia, deixe esse sentimento ir fluindo e encontrando outros sentimentos, desejos, se aprofundando mais em você.
Nosso foco está no criativo, um caminho para si, uma nova forma de se expressar. Logo, a criação é o resultado, o que queremos observar é como desenvolvemos esse material, como nos sentimos no processo.
E, por fim, como nos sentimos quando a arte está acabada, quando refletimos sobre a mesma, quando contamos a história da mesma, quando analisamos e fazemos o contraponto: entre a obra, o que sentimos, a história e o que levaremos desse aprendizado.
Nesse processo, estaremos todos vivenciando essa experiência, discutindo os caminhos que estamos trilhando.
Conforme o tempo for permitindo, podem ser realizadas breves explicações sobre as artes apresentadas, garantindo assim um fechamento à vivência.
Conclusão
Após a vivência, ficará claro que o arteterapeuta, precisa de familiaridade com a linguagem da arte. Que devemos ter o cuidado com as interpretações dos trabalhos de nossos clientes, pois essa análise, irá além de observar as formas, linhas e cores, mas será completada com o escutar o seu cliente e encontrar as mensagens que ele transmitiu nesse processo.
Cabe ao terapeuta, acompanhar o processo de criação, desde aquele silêncio para o início da entrega a atividade, até as suas mudanças de percursos, de escolha de cores e as simples linhas que podem contar tanto sobre o esse momento, que ele deseja retratar.
Fabiana Vieira https://orcid.org/0000-0002-3568-8664 Formada em Secretariado, chegando aos 20 anos de uma sólida carreira no mundo corporativo. Tendo coordenado mais de vinte eventos artísticos, entre exposições e vernissages para a Galeria HVF Artes, em diversos países, Fabiana Vieira soma uma sólida experiência a qual coloca à disposição dos demais artistas via Sociedade Das Artes, organização da qual é sócia. Na Terapia Holística, atua com Reiki, Fitoterapia, Psicoterapia, Aromaterapia e Sagrado Feminino, temas sobre os quais é articulista convidada da Revista da Terapia Holística, além de organizar congressos, palestras, cursos e workshops, inclusive o consagrado Holística, que é o congresso anual do CRT. |