Elaboração De Artigos Científicos / Acadêmicos Em Áreas Do Saber Não Convencionais
Henrique Vieira Filho – CRT 21001 – Terapeuta Holístico
Mística Acadêmica – Ilustração: Henrique Vieira Filho
Áreas não convencionais, como a Terapia Holística e as Artes, obtém resultados únicos e subjetivos, onde a própria existência do observador não é passível de isolamento, assim como sua variáveis não se enquadram nos padrões de pesquisas laboratoriais.
As ditas Ciências Humanas foram as que mais recentemente passaram pelo mesmo obstáculo, visto que todas as metodologias, normas e orientações eram voltadas para o campo de exatas e biológicas.
Um avanço relativamente recente é a promulgação da Resolução Nº 510, de 07 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde, que trata da ética na pesquisa com seres humanos, especialmente para as Ciências Humanas e Sociais.
Antes, apenas as demais ciências eram objeto de resoluções neste sentido.
Tanto para a Terapia Holística, quanto para as Artes, adotaremos o referencial de normas e procedimentos das áreas de Humanas e Sociais, pois são as que mais se afinam com nosso campo do saber.
A maior característica de um artigo acadêmico e/ou pesquisa em nossa área é a mesma das Ciências Humanas, ou seja, a compreensão: pretendemos compreender um dado fenômeno.
Elegemos um objeto de estudo e nos esforçamos para compreendê-lo a partir de uma área temática (História, Psicoterapia, Educação, Economia, Direito, Administração, além das disciplinas específicas de nossa profissão) por meio de suas teorias.
1ª Etapa | Escolha de um objeto de estudo (um fenômeno, uma dada realidade dentro de uma área temática) |
2ª Etapa | Conceituação, descrições, as caracterizações desse objeto (de acordo com os objetivos da pesquisa) |
3ª Etapa | Compreensão desse objeto a partir da interpretação de suas causas, consequências e relações estabelecidas a partir dele. |
O tradicional em pesquisas acadêmicas, onde o observador não pode influenciar o objeto de estudo é um procedimento pouco viável em nosso ramo do conhecimento.
Teremos que partir do princípio que diversos fatores e elementos interagem e influenciam o estado do nosso objeto de estudo, inclusive, nós mesmos.
A tradicional abordagem quantitativa pouco se aplica ao nosso caso, o que implica que o caminho a seguir é a abordagem QUALITATIVA.
Ou seja, partiremos da conceituação, descrição e caracterização de um dado fenômeno para estabelecer o seu contexto, analisando esse fenômeno, suas significantes, relações, causas e consequências de modo interpretativo.
A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são as bases do processo da pesquisa qualitativa.
O conceito de Minayo (2001, p. 14) deixa claro essa ideia:
“A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.
PESQUISA QUANTITATIVA | PESQUISA QUALITATIVA |
Focaliza uma quantidade pequena de conceitos | Tenta compreender a totalidade do fenômeno, mais do que focalizar conceitos específicos |
Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os conceitos estão relacionados | Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a Interpretação do pesquisador |
Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados | Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados |
Coleta os dados mediante Condições de controle | Enfatiza o subjetivo como melo de compreender e interpretar as experiências |
Analisa os dados numéricos através de procedimentos estatísticos | Analisa as informações narradasde uma forma organizada, mas intuitiva |
Para atingir os objetivos de uma pesquisa qualitativa, é importante definir a metodologia e a técnica de coleta de dados.
A metodologia pode ser pesquisa de ação, fenomenologia, estudo de caso, entre outros. Cada método possui uma ou mais técnicas de coleta de dados que podem ser utilizadas, como entrevistas, observação, pesquisa de campo, pesquisa de arquivos, fontes documentais, grupos focais, etc.
Após coletar os dados, é preciso analisá-los para determinar respostas e teorias para o problema que é objeto da pesquisa.
Alguns desses dados são a observação e análise de sentimentos, bem como as diversas formas de percepções, intenções, comportamentos, assim como outros itens de natureza subjetiva.
Embora existam diversos métodos de análise de dados, na pesquisa qualitativa todos se concentram na análise textual, comumente, por meio de relatórios que enfocam o ponto de vista dos entrevistados.
Submissão De Artigos Para Periódicos Científicos
Cada revista/periódico tem suas próprias regras quanto aos requisitos de apresentação, tendo como base os padrões propostos pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, que são semelhantes aos adotados em todo o mundo.
Comumente, exigem artigos inéditos, abrindo exceções a critério subjetivo. Em tese, é uma forma de estimular que novos trabalhos sejam realizados, ao mesmo tempo em que buscam valorizar suas publicações pelo ineditismo.
As pesquisas passam por avaliações de especialistas, que elaboraram pareceres, aprovando ou não a publicação. Não raro, os pareceristas atuam no anonimato, evitando que o autor do artigo possa contatar diretamente, em um processo que leva vários meses para ser concluído.
Alguns periódicos vêm adotando um processo mais amigável, em que é possível aos participantes receberem orientações de seus pares, para que o trabalho receba a oportunidade de adequação.
Ainda que legalmente discutível, na prática, quanto um trabalho é publicado em um periódico, este se torna proprietário do mesmo, permanecendo o pesquisador com a autoria.
É semelhante ao que acontece com uma obra de arte: o artista sempre será o autor, já quem fica com o direito de propriedade é o comprador.
No Brasil, o mais comum é a gratuidade entre ambas as partes: nem a revista, nem o pesquisador estabelecem vínculo de pagamentos.
A maioria dos periódicos científicos brasileiros pertencem a universidades, as quais têm sustento financeiro por outras vias.
Os pesquisadores brasileiros, em tese, podem conseguir verba para suas pesquisas ao ter seu projeto agraciado em algum edital do governo, bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e similares.
Convém pontuar que estas entidades mal têm verba sequer para pesquisas urgentes, quanto menos para algum setor “alternativo”, como é o nosso.
Muitos cientistas mantém pesquisas por suas próprias custas, sobrevivendo com salários obtidos como professores.
Já em outros países, é comum o pesquisador ter que pagar para ser publicado, sendo a média mundial estimada em US$ 4500,00 por artigo.
Muitos periódicos cobram dos autores ou das instituições a que estão afiliados ou das agências financiadoras de projetos taxas de publicação, conhecidas como taxas de processamentos dos artigos (do inglês Article Processing Charge).
Um estudo conduzido pela Universidade de Helsinque analisou mais de cem mil artigos publicados em 1370 periódicos em acesso aberto em 2010 e encontraram taxas de publicação entre US$ 8,00 a US$ 3.900,00.
Por sua vez, a Joint Information Systems Comittee (JISC), no Reino Unido, estima o custo de um artigo por assinatura impresso ao redor de US$ 5.456,00. Este valor sobe para US$ 6.494,00 na modalidade digital e impressa, e é de US$ 4.674,00 para o formato digital apenas.
Em acesso aberto, estes valores são cerca de 30-35% menores: US$ 3.662,00 para o artigo impresso, US$ 4.006,00 para ambas as modalidades e US$ 3.048,00 para o digital apenas (Houghton et al. 2009).
Uma das alegações a justificar os valores é a seletividade, evitando que artigos com pouca qualidade sejam enviados para avaliação e a ampla divulgação, que enriquece o prestígio do pesquisador.
Ainda que cada periódico, universidade e sociedade tenha suas próprias regras para formatação de periódicos, há semelhanças suficientes para estabelecermos orientações gerais, restando pequenas adaptações a serem aplicadas, para cada veículo em que desejar submeter seu trabalho para avaliação.
Apesar de boa parte dos materiais serem publicados em versões online, permanecem bastante tradicionalistas, adotando fontes de letras mais adequadas a serem impressas (Arial e Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento de 1,5 para as entrelinhas), ignorando as que possibilitam melhor legibilidade em telas digitais (Verdana e Tahoma).
Ainda sob o raciocínio que os trabalhos serão impressos, exigem tamanho de página A4 ou Carta, com margens suficientes para permitir encadernação ou grampeamento (sup. – 3 cm; inf. – 2 cm; esq. – 3 cm; dir. – 2,5 cm.), bem como a presença de Capa, Folha de Rosto, Folha de Aprovação, com pequenas variações de diagramação e formatação de Título, Nome do Autor, Nome da Instituição, Nome do Orientador, Folha de Aprovação, Folha de Dedicatória (opcional) e similares.
O desenvolvimento do projeto é bastante semelhante, seja para monografias, trabalhos de conclusão de curso, teses, artigos científicos e acadêmicos, proposituras de palestras, sendo a diferenciação muitas vezes tão somente classificatória por sua origem e proposta.
Lista de elementos comuns à maioria dos trabalhos:
Capa | |
Elementos pré-textuais | Folha de rosto Folha de aprovaçãoFolha de dedicatória (opcional) Folha de agradecimentos (opcional) Folha de epígrafe (opcional) SumárioLista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional)Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional)ResumoAbstract |
Elementos textuais | IntroduçãoDesenvolvimento (capítulos teóricos) Argumentação e discussão Conclusão |
Elementos pós-textuais | ReferênciasAnexos (opcional) Apêndices (opcional) Índices (opcional) |
Em nossa Mentoria, focaremos nas formatações para os periódicos Revista TH, Artivismo e Holística – Anais do Congresso, que seguem regras inspiradas pelos padrões ABNT para elaboração de artigos científicos.
Referências
ARAGÃO, J. Introdução aos estudos quantitativos utilizados em pesquisas científicas. REVISTA PRÁXIS ano III, nº 6 – agosto. 2011.
BORDAL, A. A. Estudo transversal e/ou longitudinal. Rev. Para. Belém ed. v.20 n.4. dez. 2006.
CRISTIANE, M. M. Abordagens e procedimentos qualitativos: implicações para pesquisas em organizações Revista Alcance. vol. 21, núm. 2, pp. 324-349, abril-junho, 2014.
DEVECHI, C. P. V; TREVISAN. A. L. Sobre a proximidade do senso comum das pesquisas qualitativas em educação: positividade ou simples decadência? Rev. Bras. Educ. vol.15 no.43 Rio de Janeiro Jan./Apr. 2010.
EVÊNCIO, K. M. M, et al. Dos Tipos de Conhecimento às Pesquisas Qualitativas em Educação; Id on Line Rev. Mult. Psic. V.13, N. 47, p. 440-452, outubro/2019.
FREITAS, H, et al. O método de pesquisa Survey; Revista de administração. São Paulo V. 35. P. 105-112. Julho/ setembro 2000.
GARCES, S. B. B. Classificação e Tipos de Pesquisas. Universidade de Cruz Alta – Unicruz; Abril de 2010.
GIL, A. C. Metodologia do Ensino Superior. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
MANZINI, E. J. Tipo de conhecimento sobre inclusão produzido pelas pesquisas. Rev. bras. educ. espec. vol.17 no.1 Marília Jan,/Apr. 2011.
MATOS, D. M. A. Métodos de pesquisa em análise do comportamento. Psicol. USP vol.21 no.2 São Paulo Apr./June 2010.
OLLAIK, L. G; ZILLER. H. M. Concepções de validade em pesquisas qualitativas. Educ. Pesqui. vol.38 no.1 São Paulo. Jan./Mar. 2012 Epub Feb 09, 2012.
PRAIA, J. F; CACHAPUZ, A. F. C; PÉREZ, D. G. Problema, teoria e observação em ciência: para uma reorientação epistemológica da educação em ciência; Ciência & Educação. v.8, nº1, p.127 – 145, 2002.
ROMANOWSKI, J. P; ENS, R. T. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educação. Diálogo Educ., Curitiba. v. 6, n.19, p.37-50. set./dez. 2006.
SÁ-SILVA, J. R; ALMEIDA, C. D; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Ano I – Número I – julho de 2009.
SITTA. E. I et al. A contribuição de estudos transversais na área da linguagem com enfoque em afasia. Rev. CEFAC, São Paulo. vol.12, no.6. Nov./Dec. 2010 Epub Aug 13.
TEIXEIRA, E. B. A Análise de Dados na Pesquisa Científica importância e desafios em estudos organizacionais. Ano 01. n. 2. jul./dez; 2003.
VIEIRA FILHO, Henrique – Florais de Bach – Uma Visão Mitológica, Etimológica e Arquetípica. São Paulo, Editora Pensamento-Cultrix, 1994
VIEIRA FILHO, Henrique – O Microcosmo Sagrado. São Paulo, Lumina Editorial, 1998.
VIEIRA FILHO, Henrique – Manual Oficial do Terapeuta Holístico – Normas Técnicas Setoriais Voluntárias. São Paulo, Editora Madras, 2000.
VIEIRA FILHO, Henrique – Tutorial Terapia Holística. São Paulo, Sintebooks, 2002.
VIEIRA FILHO, Henrique – Marketing Para Consultórios de Terapia Holística. São Paulo, Sintebooks, 2003.
VIEIRA FILHO, Henrique – Auto Regulamentação da Terapia Holística. São Paulo, Sintebooks, 2005.
VIEIRA FILHO, Henrique – Holopuntura – a Quintessência Da União de Técnicas. São Paulo, CONAN, 2007
VIEIRA FILHO, Henrique – Florais de Bach – Fotos E Fatos. São Paulo, CONAN, 2007
VIEIRA FILHO, Henrique – Fitoterapia Em Cinco Movimentos. São Paulo, CONAN, 2007
VIEIRA FILHO, Henrique – O Corpo Como Portal Para O Autoconhecimento. São Paulo, Livroteca, 2014.
VIEIRA FILHO, Henrique – Psicoterapia Holística – Um Caminho Para Si Mesmo. São Paulo, Livroteca, 2014.
VIEIRA FILHO, Henrique – Iridologia: um projeto em evolução. São Paulo, Livroteca, 2014.
VIEIRA FILHO, Henrique – Florais de Bach: Uma Abordagem Junguiana. São Paulo, Sociedade Das Artes, 2015.
VIEIRA FILHO, Henrique – Fotopsicoterapia – A Fotografia Como Instrumento Terapêutico. São Paulo, Sociedade Das Artes, 2020.
VIEIRA FILHO, Henrique – Holística – Anais do Congresso – V1 – N1 – São Paulo, Sociedade Das Artes, 2020.
VIEIRA FILHO, Henrique – Terapia Holística: Profissão Consolidada – São Paulo, Sociedade Das Artes, 2021.
VIEIRA FILHO, Henrique – Holística – Anais do Congresso – V2 – N1 – São Paulo, Sociedade Das Artes, 2021.
VIEIRA FILHO, Henrique – Holística – Anais do Congresso – V3 – N1 – São Paulo, Sociedade Das Artes, 2023.
VILLARES, R. M; NAKANO, N. D. A Produção Científica nos Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção: Um Levantamento de Métodos e Tipos de Pesquisa. ABEPRO. Rio de Janeiro. 2000.
WILL, D. E. M. Metodologia da pesquisa científica. Livro digital. 2ª ed. Palhoça. Unisul Virtual, 2012.
Henrique Vieira Filho – Sobre o Autor:
Henrique Vieira FilhoTerapeuta Holístico – CRT 21001 |
Henrique Vieira Filho, além de Terapeuta Holístico, é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte (MTE 0058368/SP), produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTE 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), psicanalista, sociólogo (MTE 0002467/SP), professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes. Autor de inúmeros livros, centenas de artigos, ministra Cursos online.Contato: https://henriquevieirafilho.com.br https://livroteca.com.br |
CitationVieira Filho, H. (2024). Elaboração De Artigos Científicos / Acadêmicos Em Áreas Do Saber Não Convencionais. Revista TH, XIV(81). https://doi.org/10.5281/zenodo.10489185
Henrique Vieira Filho é artista visual, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP) e terapeuta holístico (CRT 21001).