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Terapia Holística aplicado ao ambiente de trabalho - Ilustração: Henrique Vieira Filho

Utilização De Terapias Alternativas No Aprimoramento Da Qualidade De Vida No Trabalho: O Que Pensam Os Gestores

Gabriel Costa Guarizo


Ilustração: Henrique Vieira Filho

Resumo

O mundo do trabalho vem passando por várias transformações que ampliaram o leque de conhecimentos e pontos de vista acerca do modo pelo o qual o contexto organizacional pode ser vivenciado.

Entre estas mudanças está o foco na qualidade de vida no trabalho, que visa melhorar o bem estar do público interno, através de aprimoramentos no contexto físico e laboral. Uma das ferramentas disponíveis para melhoria de qualidade de vida no trabalho são as terapias alternativas, estas que são pouco exploradas no meio organizacional. Este trabalho tem o objetivo de conhecer os motivos pelos quais estas terapias alternativas podem ser aplicadas nas organizações, explicando quais terapias estão disponíveis, bem como o surgimento e conhecimentos que as rodeiam. Foi utilizada inicialmente a estratégia de pesquisa bibliográfica, por meio de acesso a livros e artigos científicos que fornecem a  base teórica para o tema selecionado. Também foi utilizado o método qualitativo de coleta de dados, por meio de entrevistas semiestruturadas, com o objetivo de captar respostas que auxiliem a resolução do problema de pesquisa. Foram entrevistados cinco indivíduos, profissionais que utilizam terapias alternativas com a finalidade de buscar um equilíbrio físico, mental e emocional para realização de suas respectivas  atividades de trabalho. Os resultados apontaram que as terapias alternativas possuem eficácia no tratamento de profissionais que objetivam melhorar a qualidade de vida, todos os entrevistados relataram que houve melhora significativa depois do tratamento, concluindo-se que as terapias alternativas são uma ferramenta potencial de utilização dentro do ambiente de trabalho. 

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. Terapias alternativas. Aprimoramento 

Abstract

The professional context has been going into transformations that have brought new kinds of knowledge and different points of view about how the organizations could work. Among these changes, we can talk about the focus on the quality of life in work, which has the purpose of bringing a better well- being inside the companies. One of the tools that can be used to reach this is the alternative therapies which are under explored by the managers. This work has the objective to know the reasons these alternative therapies can be used to make the quality of life in work better. Initially the bibliography search methodology was used, using books and articles to build a theoretical base for the work theme. It was used semi structured interviews as well, in order to capture answers that could help on the resolution of the research problem. After the answers it was presented the results of the research and the final conclusion.   

Keyword: Quality of life in work. Alternative Therapies. Enhance

Introdução

O novo contexto organizacional que vem se apresentando diante das empresas trouxe novos métodos de produção, formas de relacionamento e estratégias que envolvem o ambiente das organizações. Dentre estas mudanças que se apresentam, pode-se notar o redirecionamento do foco que antes era no aprimoramento do produto, mas que atualmente está no relacionamento com o público externo e interno. 

Este enfoque permitiu estudar melhor as características do público consumidor com a finalidade de compreender melhor as reais necessidades do cliente e também para traçar melhor o perfil profissional dos colaboradores que irão se adequar à cultura organizacional vigente. 

Com este foco maior nas pessoas, a discussão sobre qualidade de vida no trabalho ganhou evidência pois questões como a satisfação com o serviço, motivação, segurança do local de trabalho e engajamento com outros colaboradores passaram a ser importantes para que o colaborador obtenha esta qualidade desejada. 

Os modelos e indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho surgiram para mensurar se o colaborador está satisfeito diante destas questões apresentadas e também pelo aumento dos casos de doenças físicas e psicológicas que se originaram em decorrência do ambiente do trabalho e da maneira com qual as atividades eram realizadas. 

Com o intuito de trazer bem estar físico e psicológico, os setores de gestão de pessoas testam uma série de serviços que podem auxiliar os colaboradores, como por exemplo os psicólogos do trabalho, coachs e profissionais de educação física que auxiliam nos exercícios laborais. 

Além destes métodos tradicionais já utilizados dentro das organizações, novos métodos de terapias vêm se apresentando como uma alternativa para os colaboradores. Entre estas terapias podemos citar o thetahealing, hipnoterapia, e acupuntura, as quais trazem métodos diferenciados que podem agregar conhecimento e curas efetivas para o público organizacional interno. 

Muitas delas sem apresentam como tendo o potencial de tratamento e cura de doenças laborais e que, se utilizadas ao lado dos métodos tradicionais já utilizados, podem trazer maior qualidade de vida para os colaboradores das organizações. 

Terra (2010), em pesquisa com funcionários do Banco do Brasil (sucursal de Brasília-DF), verificou não existir relação entre a utilização de práticas alternativas e alterações nos níveis de estresse e bem-estar dos trabalhadores. Vieira (2005), em pesquisa feita junto aos setores de gestão de pessoas de onze empresas de São Paulo e Rio de Janeiro, a grafologia foi a prática alternativa encontrada com maior frequência, ao lado da astrologia, do feng shui e da radiestesia. 

Nessa mesma pesquisa verificou-se ainda que as práticas alternativas são adotadas como complemento às práticas tradicionais, não tendo sido observados casos de substituição de uma pelaoutra, colocando-se como opção à disposição de administradores e profissionais de RH. 

Gauer (1997) também confirma que os indivíduos entrevistados relataram que houve uma melhora significativa com a forma de lidar com problemas pessoais após a tratamento por terapias alternativas, como também houve remissão de sintomas de dores físicas que eram frequentes antes. As mudanças positivas após a prática das terapias por parte dos entrevistados não consistem apenas em mudanças pessoalmente perceptíveis, as pessoas de seu convívio também perceberam uma mudança de comportamento, colaborando assim para a recomendação destes meios de tratamento para outras pessoas. 

Feijó et al. (2008) também relata, através de sua pesquisa com pacientes em tratamento oncológico, que a utilização também de terapias alternativas faz com que eles participem ativamente do processo, além de otimizar a evolução de seu restabelecimento. Isso ocorre pois, segundo o autor, estas terapias geralmente são passadas de geração em geração pela própria família do paciente, isso o faz se sentir confortável diante da situação clínica, acalmando-o e trazendo métodos já conhecidos por ele, eliminando parte do estado de tensão e medo. Silva (2016) sustenta, através de sua pesquisa, que a utilização de métodos alternativos de cura trouxe redução de muitos sintomas de dores físicas e alívios psicológicos nos entrevistados. 

Segundo ele, 100% dos que utilizaram a acupuntura relataram diminuição dos sintomas de estresse e de dores estomacais, os que utilizaram da hipnose demonstraram mais disposição para as atividades do dia a dia, também se sentiram mais relaxados após o tratamento. Dos 85% que começaram a fazer atividades física, demonstrou-se redução das dores de cabeças, diminuição do estresse e melhora do humor.

O objetivo deste artigo é identificar as concepções que gestores de organizações do Distrito Federal têm das terapias alternativas aplicadas e de seu uso nas organizações.

1 Qualidade de Vida no Trabalho

Limongi-França (1997) explica que qualidade de vida no trabalho são ações das organizações que implantam melhorias e inovações de caráter gerencial e tecnológico no ambiente laboral. 

Para Rodrigues (1998) é uma abordagem social e tecnicista em relação às empresas, a qual visa alcançar a satisfação do colaborador. Limongi-França (2004) explica que as conceituações de qualidade de vida no trabalho, estão vinculadas desde os cuidados médicos exigidos por lei até os aspectos de motivação, levando em consideração para a discussão em questão as condições de vida e bem estar dos indivíduos. 

Sato (1999) explica que a qualidade de vida no trabalho aborda alguns aspectos importantes como motivação, saúde e segurança e satisfação com o serviço realizado. 

 Segundo França (2012, p. 22),

   Existe uma nova realidade social: aumento da expectativa de vida, maior tempo de vida trabalhando em atividades produtivas, maior consciência do direito à saúde, apelos a novos hábitos e estilos comportamentais, responsabilidade social e consolidação do compromisso de desenvolvimento sustentável. A maioria dessas exigências é de natureza psicossocial.

Segundo Padilha (2009) o mundo do trabalho é um jogo de forças entre os interesses dos empregadores e dos empregados, as questões éticas atuais estão fazendo com que a relação entre ambos encontre um certo equilíbrio, ou seja, os empregadores devem entregar um ambiente ideal para que colaboradores possam entregar os resultados esperados.  

França (2012) aponta que houve alguns fatores que desencadearam o surgimento do estudo da QVT, entre eles estão: vida pessoal dos colaboradores, fatores socioeconômicos, metas empresariais e pressões organizacionais. 

Muitos estudos têm tratado das condições humanas dentro do ambiente de trabalho e notou-se uma desarmonia entre estes quatro fatores citados, por isso questões como saúde e segurança no trabalho, ergonomia, psicopatologias começaram a ser discutidas.

2 Doenças relacionadas ao trabalho (DRT)

Segundo Souza et al. (2008) as DRT´s são responsáveis por grande parte da do aumento da taxa de morbidade da população brasileira. De acordo com Salim (2003) os modelos antigos pautados nos meios de produção fordista e taylorista trouxeram consequências graves aos trabalhadores, por isto a sociedade atual está sendo forçada a se reestruturar de maneira que traga menos prejuízos de ordem física e psicológica para os trabalhadores. 

Lacaz (1983) explica que os modelos fordista e taylorista apresentaram um esgotamento expressivo nos anos 70, onde houve um aumento da taxa de absenteísmo e da insatisfação com o trabalho. As formas de trabalho utilizadas ainda em algumas organizações estão em condições de precariedade que segundo Galeazzi (2006) são condições laborais que ficaram em evidência com reestruturação da produtividade regida pelo neoliberalismo 

Vezina (1988) comenta que vários estudos epidemiológicos e qualitativos apontam que a redução do controle sob os trabalhadores e o aumento da autonomia destes em conjunto com um melhor local de trabalho disposto diminuem os riscos de diversos problemas de saúde como as psicopatologias, doenças cardiovasculares e acidentes no local de trabalho.

3 Saúde e Segurança

Sammartino (2002) coloca que o modelo de gestão de pessoas passou por uma série de mudanças ao longo de sua evolução, com a chegada da psicologia organizacional passou a ser possível analisar melhor e intervir no comportamento humano, eliminando assim possíveis psicopatologias que poderiam se originar dentro do local de trabalho. 

Além destas normas regulamentadoras que regem as empresas, Oliveira (2003) aponta que os sistemas de saúde e segurança do trabalho nas empresas também são influenciados por três aspectos importantes: os culturais, formados pelo conjunto de crenças e valores compartilhados por trabalhadores e empregadores de uma organização, os conteúdos técnicos que são as ferramentas utilizadas para mitigar riscos relacionados ao trabalho e os aspectos ligados aos resultados, meios e estratégias utilizadas para o alcance de objetivos. As leis governamentais e os aspectos éticos e morais das organizações são os fatores que irão definir as condições de trabalho que os colaboradores irão estar.

4 Sistema de crenças 

Stibal (2019) explica que possuímos um sistema de crenças construído em nosso modelo mental. Castro et al. (2018) coloca que existem vários fatores que influenciam as escolhas dos indivíduos, entre eles estão os psicológicos, culturais, sociais, pessoais e situacionais, todos eles corroboram para a construção desse sistema. 

Braghirolli (2003) complementa que a percepção e reação emocional destes fatores citados são responsáveis pela construção do filtro mental percebido pelo indivíduo, ou seja, o seu filtro de realidade vai ser aquele que foi construído com base na percepção do contexto a sua volta. Murphy (2021) explica que o sistema de crenças é assimilado no inconsciente humano e este é o responsável pela criação da realidade percebida, por isto que tudo aquilo que o indivíduo acredita, pode ser projetado em sua realidade, porém, o que ocorre é que muitos indivíduos possuem um sistema de crenças com base em traumas e experiências negativas e é por isto que eles estão vivendo uma experiência de vida muito difícil. 

Stibal (2019) complementa que o sistema de crenças funciona como um comando para inconsciente projetar a realidade, ele é a chave para a mudança do estilo de vida, hábitos e atitudes que não contribuem para uma vida saudável do indivíduo. 

Duhigg (2012) explica que a mente humana sempre irá buscar o prazer e fugir da dor devido aos gatilhos mentais que, segundo Ferreira (2019) podem ser escassez, urgência, prova social, curiosidade, medo, entre outros. Cada gatilho ativa um sentimento específico de acordo com a interpretação e significado que cada uma das experiências. Como a mente sempre procura o prazer, ela irá buscar sempre as experiências e sentidos que proporcionam isto, contudo, o prazer não irá trazer saúde e bem estar em todas as suas ações, um exemplo que se pode citar é que um determinado alimento pode oferecer prazer ao indivíduo, mas pode ser prejudicial à sua saúde. 

Com a repetição de ações, afirmações e atitudes é que se torna possível se instalar no indivíduo um sistema de crenças e as pessoas ficam presas nesses ciclos hipnóticos sem se dar conta que os principais responsáveis por muitos dos aspectos negativos em suas vidas são elas mesmo.   

Dahlke (2009) explica que muitas doenças se instalam no corpo físico devido às emoções e pensamentos negativos que são oriundos do sistema de crença vigente no indivíduo, o nome deste fenômeno segundo o autor é psicossomática. 

Cruz e Pereira Júnior (2011) coloca hoje se tem conhecimento que o sistema nervoso autônomo é regulado pelo sistema límbico que é totalmente ligado ao aspecto emocional do indivíduo. Chopra (2010) afirma que corpo, mente e espírito funcionam em unidade, ou seja, é um sistema orgânico onde tudo está interligado, se uma parte está disfuncional ela irá impactar no sistema inteiro. Lipton (2005) coloca que o ser humano por muito tempo acreditou ser refém do ambiente externo, porém a verdade é que tudo que está fora dele é um reflexo da sua própria condição interna. 

O autor relata que muitas doenças foram curadas pelo efeito placebo, ou seja, os indivíduos permitiram que a crença de que já estavam curados e não havia doença alguma se instala-se no inconsciente. Murphy (2021) relata em seu livro o caso de uma pessoa que possuia paralisia e através técnicas alternativas de acesso ao inconsciente foi embutida a crença de que ela não estava doente e não havia paralisia, ela passou a acreditar firmemente nisso e dentre de alguns meses ela passou a ter seus movimentos de volta. 

Murphy (2021) afirma que o inconsciente humano é o responsável pela criação do corpo físico e do mundo externo, Couto (2012) concorda com esta afirmação explicando que a matéria é constituída por átomos que vibram em alta frequência, como fachos de luz que se condensam para formar uma imagem. Estes fachos de luz são ondas eletromagnéticas que vibram de acordo com o estado vibracional do indivíduo, cada emoção e pensamento emitem uma informação para esta onda e ela irá criar a realidade de acordo com a emanação energética do próprio indivíduo. 

Se vibrar ódio atrairá situações de conflito, se vibrar alegria atrairá situações alegres. Couto (2012) consta que isto foi comprovado através do experimento da dupla fenda de Young, onde o átomo obedeceu ao comando mental da pessoa a qual estava realizando o experimento. 

Este átomo foi para a direção onde o indivíduo estava pensando e intencionando, chegando a conclusão de que pensamentos, sentimentos e ações em conjunto constroem a realidade.    

5 Práticas terapêuticas alternativas

5.1 Hipnoterapia  

Segundo Bauer (2018) a hipnose se trata de um estado alterado de consciência onde a pessoa permanece acordada o tempo todo, experienciando uma série de sentimentos enquanto está em transe. O indivíduo permanece mais focado internamente, se desconectando das percepções externas e dando abertura a certos aspectos inconscientes que podem ser acessados em estados mentais mais receptivos para isso. 

Hewitt (2009) explica que a hipnose é um estado similar ao de um “sonho acordado”, onde a mente consciente se torna passiva e inconsciente se torna receptiva. Silva e Salles (2016) explica que existem três tipos de hipnoterapia, sendo elas a Clássica, Ericksoniana e a Condicionativa. 

Todas elas têm o mesmo objetivo de induzir o indivíduo a um estado hipnótico para acessar o inconsciente, apenas se altera os métodos para se alcançar isso. Maia (2017) descreve que a hipnose tem três funções específicas: alterar estados mentais; induzir comportamentos específicos; criar novas crenças. 

A técnica é empregada para diversos fins, entre eles: anestésicos, analgésicos, no combate a alergias, ansiedade, fobias, vícios, depressão, estresse, gagueira, medo de se expressar em público, impotência, insônia e dificuldade de relacionamentos social e familiar. E em apenas 6 sessões, grande parte dos pacientes apresenta recuperação (CORREIA et al., 2013, p. 242)

Hewitt (2009) explica que para alterar um padrão de pensamento ou crença, o inconsciente deve estar receptivo a sugestões que são dadas a eles, mas para que isto seja possível o cérebro deve estar vibrando em uma onda cerebral específica. O autor cita que existem quatro tipos de ondas cerebrais: Delta, onde há estado de inconsciência; Teta, onde as experiências emocionais são gravadas; Alfa, estado de meditação e descanso; Beta, mente vigilante atuando. 

Hewitt (2009) descreve que a mente inconsciente fica aberta a receber sugestões a partir das faixas alfa, pois é onde a mente consciente, responsável pelo estado de vigília, está em estado passivo. Quando se sugestiona o inconsciente aquilo passa a ser a realidade para o indivíduo pois o que se alterou foi o comportamento autônomo, desta forma muitas formas pensamento e crenças que eram auto sabotadoras e que antes eram invisíveis para o indivíduo podem ser tratadas e ressignificadas.     

Dweck (2017) também coloca que se houver uma mudança de consciência e de crenças, certos bloqueios mentais passam a não mais atrapalhar o indivíduo, trazendo assim soluções para os problemas apresentados no dia-a-dia, Murphy (2021) complementa explicando que esta mudança de crenças é possível através da auto sugestão, onde a própria pessoa faz afirmações pessoais para ela mesma, ou em estado de transe mental onde o hipnoterapeuta diz sugestões para o inconsciente do indivíduo que se mostra receptivo no momenta da sessão clínica. Silva e Salles (2016, p. 241) complementa dizendo que “através destas sugestões o “hipnoterapeuta consegue minimizar a influência das emoções e pensamentos negativos que podem estar causando ou reforçando a doença, bem como pode estimular os positivos que proporcionarão a melhora dos sintomas ou até mesmo a cura”.   

Cortez (2009) comenta que a hipnose já era praticada desde tempos remotos. No antigo Egito por exemplo o sono hipnótico era utilizado para fins terapêuticos e se tinha resultados positivos com a utilização destes, não só os egípcios utilizavam esta ferramenta, mas os gregos também se beneficiaram do uso desta. 

Bauer (2018) cita que na antiga China era usada o transe hipnótico para aproximar as pessoas de seus antepassados já falecidos, com isto, com o objetivo de trazer conhecimentos ancestrais e aprimorá-los, no século XIX James Esdaile publicou seu livro sobre mesmerismo na índia em 1850, consiste em uma técnica de hipnose que era utilizada para cura de doenças, no século XI, Avicena, filósofo e médico iraniano, comentava que o poder da imaginação era capaz de curar doenças pois o inconsciente é responsável pela realidade que vemos e criamos. 

O artigo 6° da Lei 5081/ 66 do Conselho Federal de Odontologia permite que os dentistas habilitados em hipnoterapia poderão fazer o uso da ferramenta como um método analgésico de tratamento, isto demonstra que a prática já está ganhando abrangência em outras áreas profissionais.  

5.2 ThetaHealing 

Segundo Stibal (2010), o ThetaHealing foi fundado pela terapeuta Vianna Stibal em 1995. Stibal (2010) explica que Vianna foi diagnosticada com câncer agressivo no fêmur e os métodos utilizados pela medicina tradicional não podiam fazer nada a respeito para curá-la. 

Ela possuía conhecimentos em naturopatia e de massoterapia além de técnicas intuitivas voltadas à mudança de crenças para alterar o estado de seu corpo, durante os dias que esteve hospitalizada ela aplicou tudo isso, fazendo-a se curar completamente da doença. 

“Ela descobriu que as nossas emoções e crenças nos afetam em um nível de núcleo, genética, história e de alma. “Vianna Stibal desenvolveu um processo para descobrir como nós acreditamos, porque acreditamos, como criamos problemas e doenças em nossas vidas” (Brasil ThetaHealing, 2022). 

Stibal (2010) complementa que o sistema de crenças é responsável pela realidade à nossa volta e muitos indivíduos possuem emoções e pensamentos negativos que são originados no inconsciente, ele é o responsável por criar doenças e conflitos sociais e atrapalham o bem estar e o alcance do amor próprio. Jung (1991) concorda com esta afirmação citando o fenômeno das sincronicidades, onde se consiste em observar que os pensamentos internos do indivíduo são vistos no ambiente externo a ele.

“Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o escaravelho), onde não há nenhuma evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do tempo, acima constatada, tal conexão é simplesmente inconcebível” (JUNG, p. 6, 1994). 

“Em poucas palavras, Thetahealing é uma técnica de reequilíbrio energético onde, de forma consciente, o subconsciente é acessado. Transformando nosso olhar para situações do presente e do passado, liberta de crenças limitantes e padrões de pensamento, que influenciam sua vida no agora” (GUIA DA ALMA, 2022). Stibal (2010) complementa que o ThetaHealing consiste em uma prática de meditação onde o terapeuta consegue analisar a mente inconsciente do indivíduo através do acesso dela em ondas Theta, é nesta faixa de onda mental que se consegue ver as crenças instauradas. 

Os estados vibrações betas nos aproximam mais das zonas de sentimentos negativos como o medo, e as theta são onde as que nos aproximam dos positivos, por isto o nome Theta, que faz referência à onda cerebral trabalhada, e Healing, do inglês cura. Uma das formas de se acessar estas ondas é através das práticas meditativas que é o que a terapia utiliza em suas sessões. 

5.3 Acupuntura

Segundo Palmeira (1990) a acupuntura é um conjunto de conhecimentos da medicina chinesa onde se aplica agulhas em pontos específicos do corpo humano com um determinado propósito. Palmeira (1990) também explica que ela teve origem a 4500 anos atrás e é um tipo de conhecimento que é passado de uma geração para outra. Bechara et al (2001) cita que a acupuntura é utilizada para fins medicinais e preventivos há vários milênios, no início as agulhas eram feitas de espinhas de peixe e pedras. 

Ristol (1997) cita que os pontos específicos do corpo humano, onde são aplicadas as agulhas, foram descobertos no transcorrer de muitos anos através de práticas médicas. Ding-Zong (1994) explica que os acupontos são terminações nervosas localizadas na pele, estes pontos estão interligados a vasos sanguíneos, nervos, tendões, periósticos e cápsulas articulares. 

Vectore (2005) coloca que a cultura oriental tem crença de que tudo é composto de energia Qi, esta energia permeia toda a realidade e se deve conviver em perfeito fluxo com ela. 

O desequilíbrio emocional é um dos principais fatores que levam a uma distorção deste fluxo, causando doenças físicas e psicológicas. Vectore (2005) coloca que a medicina oriental holística explica que os pensamentos e sentimentos influenciam diretamente nas funções vitais do corpo pois está interligada à energia Qi, no corpo humano ela se subdivide em cinco: Energia nutridora ou Yin Qi, relacionada à alimentação e respiração; Energia de defesa ou Wei Qi, relacionada ao sistema imunológico de defesa do organismo; Energia do tórax ou Zong Qi, relacionada ao funcionamento do sistema pulmonar e do coração; Energia dos alimentos ou Jing Qi, relacionada ao tubo digestivo; Energia ancestral ou Yuan Qi; relacionada ao DNA, genes, desenvolvimento do corpo humano. 

Wen (2020) explica que o corpo humano funciona igual à estrutura do universo, sob os dois pólos opostos Yin Yang. Iniciados (2019) no livro sobre as sete leis herméticas, cita que uma delas é justamente a lei da polaridade, ou seja, o universo possui dois opostos, tudo que está dentro dele irá obedecer a esta lei como descreve a regra da correspondência.

Wen (1985) explica que os órgãos Yin são aqueles de constituição mais fraca e por isso precisam da proteção de vértebras e costelas, estes são os hipofuncionais. Já os Yang são constituição mais forte como o estômago, ambos os intestinos, bexiga, vesícula e útero, estes são os hiperfuncionais. 

Segundo Draehmpaehl e Zohmann (1997), ambas as polaridades devem trabalhar em harmonia para que o fluxo do Qi possa transcorrer e sustentar o corpo, quando há um desbalanço dessas polaridades, se aplica agulhas em pontos específicos para que possa compensar tanto o excesso de Qi, Yang, ou a deficiência deste, Ying. 

 Luna (2002) coloca que a acupuntura trabalha com os cinco elementos, Wen (1985) complementa justificando isto explicando que o organismo humano é regido pelos mesmos princípios da natureza, e por isto as leis naturais acabam influenciando no funcionamento deste.

Wu (1985) Explica que cada elemento é responsável pela geração do outro, isto se seguir um ritmo e uma ordem correta: água gera a madeira, madeira gera o fogo, fogo gera terra e terra geral metal. Se não obedecer a esta ordem um elemento inibe o funcionamento do outro e atrapalha todo o fluxo. Da mesma forma funciona os orgãos, um vive em função do outro, se um está disfuncional a causa pode estar no que está interligado a ele. Os órgãos estão ligados pontos energéticos do corpo, também conhecidos como meridianos. Aplicando as agulhas nesses pontos se consegue neutralizar o contrafluxo destes elementos e redirecionando a energia para o local correto.                      

6 Procedimentos de coleta de informações

Para coletar as informações foi utilizado o modelo de entrevista citada por Triviños (1987) denominada de semiestruturada. Manzini (2003) explica que a entrevista semiestruturada é baseada em perguntas as quais integram tanto a base temática da pesquisa quanto a outras questões momentâneas que complementam a temática da entrevista, ou seja, as respostas são por um lado objetivas e diretas, mas também possui uma abertura para que o entrevistador possa contar suas experiências. 

Triviños (1987) explica que há quatro tipos de perguntas: perguntas consequências, que mensura o resultado de determinada causa; perguntas avaliativas, esta focaliza no juízo acerca de algo; perguntas hipotéticas, que mensura situações com base em hipóteses; perguntas categóricas, onde se avalia classificação de grupos e objetos. Neste trabalho foram utilizadas as perguntas avaliativas, consequências e categóricas.  Manzini (2003) salienta alguns cuidados em relação às perguntas como: cuidado com a forma de realização das perguntas; cuidados com a linguagem utilizada; cuidados com a sequência de perguntas utilizadas. 

O público alvo desta entrevista foi composto de profissionais atuantes no mercado de trabalho ou aposentados, entre 30 e 65 anos de ambos os sexos, que já tiveram alguma experiência com terapias alternativas. 

Foram utilizadas uma pergunta fechada e oito semiabertas, com o intuito de obter mais informações e opiniões a respeito do tema pesquisado. Segundo Bauer e Gaskell (2003), é importante conhecer as opiniões dos atores sociais para compreender a forma como estes interpretam o mundo. Destas questões, uma é categórica, seis são avaliativas e três são categóricas, de acordo com a classificação de Triviños (1987). 

Os fatores de perfil dos entrevistados foram baseados em Dantas (2008), adaptados para a pesquisa deste trabalho em especifico, utilizando tópicos como idade, sexo, profissão e terapia alternativa utilizada. 

7 Resultados E Discussão      

No início da entrevista, foram realizadas algumas perguntas com o objetivo de conhecer o perfil do entrevistado, questões como gênero, faixa etária, profissão foram levantadas para este objetivo bem como qual prática de terapia alternativa foi utilizada por eles. O resultado apresentou que a maior parte dos entrevistados são do gênero feminino com mais de 59 anos, a maioria também exerce a profissão de bancário ou servidor público e dentre as práticas de terapias mais utilizadas entre os entrevistados estão a massoterapia e acupuntura. 

A primeira pergunta diz respeito ao objetivo principal dos entrevistados ao procurar estas práticas de terapias alternativas. Alguns entrevistados responderam que o objetivo principal é o alívio de dores físicas, outros responderam que seu intuito é a busca de equilíbrio psicológico e emocional e também autoconhecimento. 

Segundo as respostas obtidas, muitos desses sintomas negativos começaram dentro do ambiente de trabalho e alguns dos funcionários começaram a buscar métodos alternativos para aliviar o desconforto físico e psicológico. 

Alguns dos participantes relataram que por conta do estresse sofrido na vida pessoal e profissional resultou em uma sobrecarga de seu sistema nervoso, consequentemente começou a sentir muitas dores no corpo, e que devido a isso começou a procurar métodos alternativos de tratamento. 

O ambiente de trabalho de alguns dos entrevistados causou muitos distúrbios psicológicos, por conta disso começou a procurar outras terapias diferentes das convencionais para solucionar esse problema. 

Esses resultados corroboram a afirmação de Sousa (2008) explicando que as DRT´s (Doenças relacionados ao trabalho) são as responsáveis por grande parte do aumento da taxa de morbidade da população brasileira, bem como também confirma a pesquisa do National Institute of Occupational Safety and Health, que afirma que a as principais doenças que aparecem no ambiente laboral são distúrbios psicológicos e de natureza física, como lesões musculoesqueléticas, politraumatismos e traumas oculares.

A segunda e a terceira pergunta dizem respeito à efetividade do tratamento através das terapias utilizadas para melhorar a qualidade de vida no trabalho e na melhora da motivação psicológica após o tratamento. 

Todos os entrevistados confirmam que houve melhora física e emocional após o tratamento, confirmando que essas novas práticas são efetivas na sua utilização, também estavam se sentido mais dispostos e motivados a realizarem seus respectivos trabalhos devido à recuperação do bem estar físico e psicológico. 

Segundo os relatos, o trabalho causou muitos problemas nas mãos como consequência da atividade e que depois de algumas sessões de massoterapia houve um alívio dos desconfortos. 

De acordo com as respostas obtidas, o participante obteve um melhor equilíbrio psicológico depois das sessões de constelação, bem como também obteve clareza sobre o seu propósito profissional. Após algumas sessões de acupuntura, um dos entrevistados melhorou suas dores na região das costas em razão da posição ergonômica na cadeira onde estava.

Esses resultados corroboram a afirmação de Sato (1999) que explica que para melhorar a qualidade de vida no trabalho é preciso focar na otimização da motivação, saúde e segurança. 

As respostas também estão afinadas com as contribuições de Limongi-França (2004), que cita a qualidade de vida no trabalho como um aspecto vinculado aos cuidados médicos exigidos por lei e à motivação. 

A quarta e quinta perguntas estão relacionadas à aceitação e visão respectivamente a respeito dessas práticas de terapias alternativas no ambiente de trabalho com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no trabalho. Segundo uma parte dos entrevistados, suas organizações são receptivas a essas terapias, tanto que abriram espaços dentro no ambiente corporativo para que os funcionários pudessem usufruir delas, apesar de serem tais práticas mal divulgadas dentro da empresa e também apresentarem resistência e desconfiança por parte de alguns funcionários. 

Em contrapartida, alguns dos entrevistados afirmaram que suas respectivas organizações não confiam nas terapias alternativas pelo fato de serem mal regulamentadas, não possuírem conselhos próprios e não terem um sistema de cadastramento de profissionais da área em unidades de regulamentação específicas. 

A falta dessas formalidades traz desconfiança no serviço oferecido pelos terapeutas, pois poderiam por em risco a saúde dos profissionais dentro da organização. Por conta disso essas terapias alternativas não são incentivadas no ambiente de trabalho. 

Oliveira (2003) aponta que os sistemas de saúde e segurança do trabalho nas empresas são influenciados por três aspectos importantes: os culturais, formados pelo conjunto de crenças e valores compartilhados por trabalhadores e empregadores de uma organização, os conteúdos técnicos que são as ferramentas utilizadas para mitigar riscos relacionados ao trabalho e os aspectos ligados aos resultados, meios e estratégias utilizadas para o alcance de objetivos. A aceitação das terapias alternativas por parte das empresas está vinculada a estes três fatores, por isso que parte das organizações dos entrevistados aceitam e incentivam as práticas não convencionais e a outra parte não aceita. 

A sexta pergunta questiona se o uso das terapias alternativas trouxe benefícios de forma coletiva nas organizações dos entrevistados. Os entrevistados que trabalhavam em organizações que eram abertas aos métodos não convencionais, afirmaram que trouxeram sim resultados positivos de recuperação física e emocional que resultaram na melhora da produtividade e harmonização nas relações entre os colegas de trabalho. Os entrevistados que trabalham em empresas que não são abertas às práticas alternativas, não puderam responder pois não houve a experiência dentro de seus respectivos locais de trabalho. 

As questões sete e oito dizem respeito às vantagens e desvantagens das terapias alternativas em relação aos meios tradicionais. A maioria dos entrevistados compartilham da mesma opinião, relatando que não existe competição entre os dois métodos, ou seja, não há como um excluir um em detrimento do outro pois ambas são complementares, os métodos tradicionais trazem toda a bagagem acadêmica confiável e as terapias alternativas estão trazendo uma visão mais holística da aplicação dos métodos científicos já utilizados com o resgate de outros conhecimentos ancestrais que a ciência convencional abandonou, ou seja, uma agrega aspecto complementares à outra. Um dos entrevistados opinou que os meios tradicionais têm como uma desvantagem a visão focada em partes específicas do paciente e não uma visão do todo, sendo que a causa de uma doença física pode ser resultante de um padrão emocional não observado. Cortez (2019) sustenta esta colocação, afirmando que muitas doenças de que se tem conhecimento não se dão apenas por fatores genéticos, mas também por um comportamento aprendido pelo inconsciente, ou seja, no campo psicológico. A crença constante na doença faz com ela seja criada através da somatização de emoções negativas, como também é explicado por Dahlke (2019) através do processo psicossomático, citando que para cada doença física apresentada, existem fatores emocionais interligados. As contribuições de Wu (1985) servem para complementar essa questão, uma vez explica através dos conhecimentos de acupuntura que os órgãos do corpo humano estão todos interligados, uma parte afetando a outra. Se focarmos apenas em uma parte específica do problema não se terá uma visão do todo e não se poderá tratar a raiz do problema.             

A desvantagem das terapias alternativas reside na falta de confiança nos seus métodos pois parte delas trazem conhecimentos que são novos sem uma comprovação científica de testes oficiais, além também de os profissionais terapeutas não serem, em sua maioria, devidamente cadastrados e autorizados por uma autoridade superior a exercerem suas práticas, o que pode por em risco a saúde dos pacientes.  

Todos os entrevistados recomendam o uso de terapias alternativas pelo fato de terem obtido resultados positivos em suas recuperações físicas e psicológicas. Segundo um dos entrevistados

   O mundo está em constante mudança onde tudo está cada vez mais interligado orgânico, visando uma horizontalização nas relações, ou seja, para as organizações estarem se adaptando ao meio externo, precisam estar mais flexíveis para que haja um fluxo efetivo de informações, as terapias alternativas já estão alinhadas com esta forma de pensar e elas podem influenciar as organizações a aderirem a esta forma holística.

 Essa opinião corrobora com as afirmações de França (2012, p. 22) que explica que:

   Existe uma nova realidade social: aumento da expectativa de vida, maior tempo de vida trabalhando em atividades produtivas, maior consciência do direito à saúde, apelos a novos hábitos e estilos comportamentais, responsabilidade social e consolidação do compromisso de desenvolvimento sustentável.

Os resultados alcançados pelo trabalho sugerem que o uso de terapias alternativas possui eficácia no tratamento de pacientes e na melhoria da qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho. Vieira (2009) apresenta resultados similares em sua pesquisa, demonstrando, através da realização de entrevistas, que as próprias cúpulas dirigentes das empresas optaram pela utilização de terapias como grafologia e shiatsu para a eliminação do estresse no ambiente de trabalho. 

Vieira (2009) também afirma que houve benefícios com a melhora do bem estar físico e emocional dos funcionários e dirigentes, o engajamento da equipe também melhorou após a adoção dessas práticas alternativas dentro do ambiente de trabalho. 

Os entrevistados da pesquisa de Vieira (2009) também relataram que há a utilização de programas de saúde ocupacional dentro do ambiente corporativo para melhoria da qualidade de vida no trabalho, dentre as terapias utilizadas foram utilizadas: musicoterapia; aromaterapia; ioga; terapia com cristais; tai chi chuan. 

Gauer (1997) também confirma que os individuos entrevistados relataram que houve uma melhora significativa com a forma de lidar com problemas pessoais após a tratamento por terapias alternativas, como também houve remissão de sintomas de dores físicas que eram frequentes antes. As mudanças positivas após a prática das terapias por parte dos entrevistados não consistem apenas em mudanças pessoalmente perceptíveis, as pessoas de seu convívio também perceberam uma mudança de comportamento, corroborando assim para a recomendação destes meios de tratamento para outras pessoas. 

Feijó et al. (2008) também relata, através de sua pesquisa que os pacientes em tratamento oncológico, a utilização também de terapias alternativas, faz com que eles participem ativamente do processo, além também de melhorar o controle de seu restabelecimento. Isso ocorre pois, segundo o autor, estas terapias geralmente são passadas de geração em geração pela própria família do paciente, isso o faz se sentir confortável diante da situação clínica, acalmando-o e trazendo métodos já conhecidos por ele, eliminando parte do estado de tensão e medo.

Silva (2016) sustenta, através de sua pesquisa, que a utilização de métodos alternativos de cura trouxe redução de muitos sintomas de dores físicas e alívios psicológicos nos entrevistados. Segundo ele, 100% dos que utilizaram a acupuntura relataram diminuição dos sintomas de estresse e de dores estomacais, os que utilizaram da hipnose demonstraram mais disposição para as atividades do dia a dia, também se sentiram mais relaxados após o tratamento. Dos 85% que começaram a fazer atividades físicas, demonstrou-se redução das dores de cabeças, diminuição do estresse e melhora do humor.

Barbosa (2001) aponta que dentro do meio acadêmico da medicina, as terapias alternativas são mal vistas devido ao paradigma newtoniano-cartesiano vigente. Os métodos científicos são mais confiáveis devido a experimentos e comprovações já realizados. As terapias alternativas, por serem algo recente comparado à medicina tradicional, não possuem uma comprovação sólida e a maioria delas traz um estereótipo místico e pouco prático. Devido a isso elas ainda são mal vistas por um grupo de profissionais da medicina.   

Considerações Finais

O presente trabalho visou apresentar a existência de métodos alternativos de cura que estão se popularizando ao longo do tempo, colocando – os como uma uma solução complementar aos meios tradicionais da medicina científica, proporcionando a quebra do preconceito vigente acerca dessas novas terapias alternativas apresentadas. Esse trabalho também teve o objetivo de apresentar como esses novos meios de cura podem melhorar a qualidade de vida no trabalho, colocando alguns exemplos de terapias utilizadas e suas respectivas bases de aplicabilidade e tratamento. Apresentou também relatos de entrevistados que utilizaram de terapias alternativas e os resultados que obtiveram, discutindo à luz de outras pesquisas que também exploraram o mesmo tema. 

Os objetivos da pesquisa foram alcançados e os resultados apresentados demonstram que as terapias alternativas foram utilizadas pelos informantes para a melhoria da qualidade de vida no trabalho. Os informantes da pesquisa responderam que houve melhoria significativa do bem estar e na qualidade de vida, proporcionando um melhor estado físico e emocional para realizar suas atividades profissionais, corroborando contribuições de outras pesquisas que relataram resultados semelhantes a respeito da utilização dessas terapias no ambiente de trabalho. 

Os próximos trabalhos que visem pesquisar sobre esssa temática de métodos alternativos de cura podem abordar com maior profundidade os resultados científicos da utilização das terapias alternativas, para que o estereótipo de misticismo que as envolve elas possa romper-se  cada vez.

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Sobre o Autor: Gabriel Costa Guarizo

Gabriel Costa Guarizo
Pós-graduado em Gestão de Pessoas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília ( Brasília/ Brasil)
Email: gab.guarizo@gmail.com

Citation: Gabriel, C. G. (2024). Utilização De Terapias Alternativas No Aprimoramento Da Qualidade De Vida No Trabalho: O Que Pensam Os Gestores. Revista TH, XIV(81). https://doi.org/10.5281/zenodo.10489084

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