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Moxabustão - Arte: Henrique Vieira Filho

O Uso Da Moxabustão No Consultório Holístico

ADRIAN RAJIV PEREIRA HORN – CRT 50626TERAPEUTA HOLÍSTICO

Palestra – Congresso Holística 2023
CRT – Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística

INTRODUÇÃO

As terapias de frio e calor fazem parte da história da humanidade há milhares de anos. Sabe-se de relatos de moxabustão em diversos livros clássicos das terapias tradicionais chinesas.

No capítulo 14 do Su Wen, um dos trechos clássicos dos princípios de Medicina Interna do Imperador amarelo, Huang Di Nei Jing, temos um destaque muito importante já para o uso de moxabustão:

“(…) quando as pessoas contraem a doença, é necessário tratá-las internamente com remédios ou picando com acupuntura […] ou externamente com moxabustão.” (FILHO, 2015).

Um outro exemplo de tratamento envolvendo as diversas temperaturas é o dizer a seguir, retirado do capítulo 24 do Su Wen:

“(…) Quando o paciente tem exaustão e cansaço tanto no corpo, mas está de bom humor, sua doença se deve à lesão nos tendões. Deve ser tratado com aplicações tópicas de remédios quentes.”

(FILHO, 2015).

A Artemisia Vulgaris tem sido empregada nas terapêuticas tradicionais Chinesas e Japonesas há milhares de anos. A planta possui entre 200-400 espécies (FILHO, 2015) e seu sinônimo botânico é:

Artemísia verlotorum Lamotte.

No Bem Cao Jing diz-se: “A Artemísia tem um sabor amargo, seu Qi é leve e quente, é a parte do Yang no Yin, cura todas as doenças quando empregada em moxa”.

Quando lidos tais termos deve-se compreender a visão energética da terapêutica milenar. O uso da planta não vai curar DOENÇAS ocidentais, não é esse o raciocínio, mas sim permitirá ao cliente/paciente uma HARMONIZAÇÃO das energias que podem estar causando determinados sintomas, chamados pelo ocidente de doenças.

Aos terapeutas que atuam com as terapias clássicas chinesas, tais como acupuntura, moxabustão, ventosas, etc, vale o destaque de para que usualmente a moxabustão é indicada:

Aquecer e dispersar o frio;

Promoção da circulação de Xue

Remover estagnação de Xue

Recuperar o Yang

Nutrir o Yin

Tonificar o Qi e nutrir o Xue

Promover saúde e Previnir Doenças

De acordo com Filho (2015), em seu livro “Moxabustão Chinesa, a arte do Fogo”, o professor Antônio Augusto Cunha, especialista em moxa japonesa, destaca seus benefícios em 5 principais efeitos:

Aumenta a produção de leucócitos

Aumenta as hemácias

Aumenta a circulação sanguínea e linfática

Mais efetiva nas doenças crônicas (deficiências energéticas)

Mais segura que a acupuntura

Sendo assim, a discussão da moxabustão para os terapeutas holísticos se faz necessário para o entendimento de como suprir energeticamente aquelas desarmonias que se manifestam no cotidiano.

MOXABUSTÃO

Como dito outrora, a Artemísia é uma companheira dos terapeutas orientais, médicos chineses, xamãs e outros há muitos milênios.

Quando utilizada de maneira correta, a moxaterapia pode proporcionar uma excelente qualidade de vida e de estados emocionais e mentais para os pacientes.

Para nós, terapeutas holísticos, devemos compreender que o ser humano é resultado de uma vasta movimentação energética, principalmente das energias Yin e Yang.

O Qi é resultado de interações energéticas, cuja característica é que é tanto substancial quanto não-substancial. Não estamos interessados neste texto e apresentação sobre a formação do Qi, sua circulação e outras tantas categorias utilizadas. Para isso poderemos elaborar textos mais complexos e profundos sobre esta temática, mas vamos nos ater aqui apenas a conceitos que se façam fundamentais para a elaboração da correlação com a moxabustão.

Uma das formas de se observar o corpo é entender que somos uma constante energética que está dividida em 2 grandes categorias: substancial e não-substancial.

A parte substancial seria a categoria de Yin, enquanto a não-substancial seria a Yang. Claro, que o aprofundamento dos estudos se faz necessário para entender melhor esta temática.

Entramos então em um estado de estudo muito importante que é a compreensão de que o ser humano não é excluso da natureza. Afinal, todo ciclo natural é relacionado ao Yin e ao Yang, noite-dia, calor-frio, órgãos-vísceras.

A suplementação é a chave do sucesso

Xue Ji, dinastia Ming, (1487-1559), foi considerado um dos fundadores da chamada “escola da suplementação morna”. Sua teoria é a de que uma vez que o Yang é vida, suprir e suplementar/fortalecer o cliente com ervas mornas é geralmente necessário. Se o yang qi é forte o cliente poderá se recuperar de desarmonias/doenças sem atacar necessariamente a doença diretamente.

Certo, mas o que isso quer dizer?

Quer dizer que quando o corpo é forte, pode-se rebater qualquer desarmonia e evitar a manifestação de doenças. Também quer dizer que quando em estados desarmônicos, pode-se harmonizar através de plantas e métodos naturais.

No caso de Xue Ji, era abordada a fitoterapia, mas vamos aplicar seu raciocínio na moxabustão:

Se o YANG é vida e sua suplementação faz com que os clientes se tornem mais harmônicos e saudáveis, suplementar o yang através da moxabustão é não só indicado mas como recomendado para uma boa qualidade de vida.

Professor Cunha em seu livro: “A moxaterapia Japonesa” (2006), no capítulo denominado “A moxaterapia e a Longevidade” apresenta um caso muito interessante que teria ocorrido na era Edo no Japão (1603-1867) em que um senhor chamado Manpei viveu 243 anos. E a razão para isso é que ele queimava moxabustão no ponto Ashi-no-Sanri(36E), ou Susanli (E36) para praticantes da linha chinesa de acupuntura.

No mesmo capítulo, é dito que o monge budista Kenko Yoshida em 1330 reporta: se os cidadãos acima de 40 anos de idade não praticarem a queima no ponto E36, diariamente, irão enfraquecer dia após dia.

Aí nos compete uma breve análise do ponto E36.

Este ponto é ponto MAR DO CANAL DO ESTÔMAGO; Na dinastia Song se dizia ser o ponto que tratatodas as doenças; utilizado para tratar Qi em contra corrente, harmoniza Baço e Estômago, nutre o Yin do Estômago;

Vale ressaltar que é um dos pontos mais utilizados nas terapias clássicas chinesas, coreanas e japonesas, justamente pelas suas funções importantíssimas.

Suplementar o centro do corpo (estômago e baço) é uma forma de manter o Yang do corpo e proteger o Yin, indo de acordo com o que foi dito anteriormente.

Tipos de moxa

Atualmente existem diversos tipos de moxa que podem ser utilizadas no consultório holístico. No entanto, vamos falar de 2 categorias: Moxa em lã e moxa em bastão; Vamos também abordar subcategorias de moxa: direta ou indireta.

Moxa em bastão

A moxa em formato de bastão é uma das mais conhecidas. O praticante coloca fogo em uma de suas pontas e as aplica a moxa em determinados pontos. Vale ressaltar que existem técnicas em que se encosta a moxabustão na pele, formando feridas, mas não recomendamos que sejam realizadas. Aqui fica mais um detalhe importante do estudo da moxabustão: calor forte dispersa a energia e calor fraco nutre a energia. Isso dito, quer dizer que ao adicionarmos calor próximo/forte de determinados pontos, podemos dispersar sua energia excessiva, enquanto aproximarmos em uma distância um pouco maior do ponto em questão, haverá a nutrição energética do ponto. Além da moxa bastão há também a moxa em lã. Ela nada mais é do que a moxa preparada em formato chamado de lã, onde pode ser moldada para seu uso em formato de cones, de diversos tamanhos e preparos específicos.

A moxa em lã, quando bem preparada, nos auxilia a entender os conceitos de Yin e Yang. A moxa que está em formato de cone, bem apertado, impede a passagem de oxigênio, diminuindo a reação de combustão e queima mais lenta, portanto, permitindo a tonificação; Por sua vez, um cone menos firme, permitirá mais oxigênio em sua queima, acelerando o processo de queima. Assim sendo, permite a dispersão do ponto ou área a ser estimulada.

Há ainda a interposição de determinados materiais e alimentos entre o cliente e a moxa, com seus objetivos próprios. Vejamos:

Sal: Sal é um tônico de elementos Yang(neste preparo) no corpo e permite, através de sua associação com a moxa. Ao realizar a aplicação do sal no umbigo, em seguida, a aplicação do cone de moxa, pode-se nutrir o Yang do corpo, afetar o estômago positivamente e suplementar o Yang fraco.

Interposição de gengibre: Neste caso, em vez do sal, o praticante deve utilizar fatias finas de gengibre para, então, colocar a moxa em cima das fatias. Por ser de natureza morna atuará no Qi defensivo, Qi nutritivo e suplementará o Yang deficiente.

DISCUSSÃO

Deve-se lembrar que a devida prática das terapêuticas tradicionais chinesas deve ser feita com o foco em harmonizar o corpo, mente e energias. O que foi aqui apresentado é apenas um pequeno trecho do estudo e, pode ser aprofundado tranquilamente.

Podemos dizer, apenas por cima, que ainda há como intercalar a moxa com preparados fitoterápicos, preparados com diversos alimentos, associado a agulhas, associado ao alto e baixo, canais Yin-Yang, entre outros.

Como sempre apresentado deve-se tomar cuidado com as diversas apresentações e estudos para que a análise se faça presente e o bom senso prevaleça. Isto dito, não devemos tomar as leituras como uma ferramenta apenas de aprendizado, mas também de alerta. Veja, para nós, no ocidente, no Brasil, cuja a influência das terapêuticas clássicas chinesas são muito boas, será que teríamos espaço para uma moxa supurativa, salvo em raros casos?

Fica o questionamento e o alerta aos leitores: moxas supurativas podem gerar contaminações graves e levar a doenças infecciosas se não forem bem orientadas. Avaliem a real necessidade. Como digo aos alunos dos diversos cursos: saber o limite da técnica é tão importante quanto saber a técnica em si.

CONCLUSÃO

Os princípios fundamentais de qualquer terapia são estudados com afinco e serenidade pelos Terapeutas Holísticos e, por isso, conseguem resultados rápidos e de excelência.

Todo estudo demanda tempo e dedicação. Com a moxabustão não é diferente e, entendendo os tipos de moxa e os tipos de seus preparos e usos, os resultados excelentes podem aparecer.

Esperamos que este breve texto tenha sido útil para despertar o interesse da técnica, muitas vezes ignorada pelos praticantes das terapias clássicas chinesas.

BIBLIOGRAFIA

FILHO, Reginaldo. Moxabustão chinesa. A arte do fogo. – São Paulo, Ícone, 2015.

CUNHA, Antonio Augusto Azevedo. A moxaterapia japonesa Okyu- Yaito /Antonio Augusto Azevedo Chunha, Teruyoshi Hoga – São Paulo: ícone, 2006

XUE JI.Categorized Essentials of Repairing de Body.Translation Lorraine Wilcox

MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo, ROCA, 1996

Sobre o Autor:

ADRIAN RAJIV PEREIRA HORN TERAPEUTA HOLÍSTICO- CRT 50626 Pós-graduado em fitoterapia (FACOP)Graduado em ciências Farmacêuticas (FMU)Bacharel em Letras (USP)Acupunturista formado pela (Faculdade Ebramec)Estágio avançado de acupuntura e moxabustão (Shandong University-China)Curso de Medicina Tradicional Chinesa (Beijing-China)Terapeuta Floral (D.C. cursos e formações em Terapias Holísticas)Fitoterapeuta oriental (Faculdade Ebramec)Terapeuta Seitai -quiropraxia Japonesa (Faculdade Ebramec)Quiropraxista (Ibraqui)

Contato: https://www.citamp.com/

Cite como

ADRIAN RAJIV PEREIRA HORN. (2023). O Uso Da Moxabustão No Consultório Holístico. Revista TH, XII(79). https://doi.org/10.5281/zenodo.8150029

Author Details
 

Carteira Plena

ADRIAN RAJIV PEREIRA HORN – CRT 50626
Terapeuta Holístico
Acesse o Site http://www.adrianhorn.acupunturistas.com.br
Envie email para adrianhorn@acupunturistas.com.br

Modalidades:
TERAPIA EM TECNICAS TRADICIONAIS: ACUPUNTURA
FITOTERAPIA
TERAPIA FLORAL

Técnicas:
ACUPUNTURA, FITOTERAPIA, FLORAIS DE BACH, MOXABUSTAO, QUIROPRAXIA, TERAPIA EM TECNICAS TRADICIONAIS

Ministra Cursos de:
FLORAIS DE BACH

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