14 • A Revista Oficial da Terapia Holística A Revista Oficial da Terapia Holística • 15 A festa de natal convoca cada um para que assuma seu lugar na família. A ceia presente ou ausente, mais ou menos lauta ou festiva, termina sendo para todos uma espécie de teste. Durante o ano podemos variar e ensaiar posição frente à família, mas na festa de natal o peso dos lugares está dado. Para os namorados em qual família passar é um drama, para os solteiros ainda maior pois lhes é cobrado, ainda que ninguém lhe diga nada, a sua solidão. Sabemos todos que é ali o dia de mostrar as melhores intenções quanto à continuação da família. (Extraído do “Correio da APPOA”, número 64) Porém, a sociedade “exige” que se festeje esse período, pressionando quem “ouse” estar em outra“sintonia”emocional. Entes queridos e próximos se esforçam para “impor felicidade”, via de regra, na melhor das intenções, mas impedem a pessoa de vivenciar sua tristezae, por consequência, de elaborar os acontecimentos e “crescer” com o processo. Este período de festas também “exige” família perfeita, completa e harmoniosa, c o m p a r t i l h a n d o presentes, refeições, sorrisos e abraços. Mas, o que fazer com todas as brigas, os traumas, as mágoas, as agressões (emocionais e físicas nos mais variados níveis de gravidade...) ? Apesar da incontestável beleza do ideal do perdão, a realidade deve ser aceita de que a superação vai muito além da intenção. Quantos relatos já presenciei, em consultório, do terrível sofrimento de pessoas que se viram obrigadas a permanecer, lado a lado, junto a seus agressores, por serem “família” e estarem “festejando”, tudo em nome do “espírito natalino”. E ainda “exigiam” sorrisos e abraços a serem sobrepostos ao pavor, ao ódio, à humilhação sentidas... Em menor grau de traumaticidade, existe outras “cobranças” sutis que afloram nestes momentos em que se exije a “família padrão” propagandeada pelos meios de comunicação: os solteiros, os casais sem filhos, os que ainda não decidiram pela carreira ou optaram por uma não convencional... Enfim, todos que não se enquadram no “retrato padrão” tendem ao sentimento de rejeição. Claro, muitas pessoas realmente se sentem bem neste período do ano. Outrossim, este artigo é para observar que este “espírito festivo” não é aplicável a todos. Muitos estão mais para negar sua dor, do que sinceramente alegres. Pressionados pelas pessoas próximas, bombardeados pelos meios de comunicação que “vendem” a obrigação de ser feliz, seja pelas propagandas de momentos perfeitos, ou pela avalanche de filmes e músicas que remetem ao tema, quantos de nós utilizam de recursos capazes de “diluir” seus reais sentimentos e simular o “espírito festivo”: consumismo exarcebado, festanças, excessos alimentares, drogas (bebidas, cigarros, entorpecentes, alucinógenos, etc, etc...). Nestes casos, não raro, assim que cessam as emoções artificiais, o re-contato com as verdadeiras costumam ser ainda mais sofridos. Nós, Terapeutas Holísticos, assim como muitos outros profissionais que também atuam com Psicoterapia, comumente interrompemos as atividades de consultório justamente nestes períodos festivos. Temos a obrigação de nos dar conta que são momentos extremamente críticos para boa parte de nossos Clientes. Oidealéquesetrabalhepreviamente sobre o tema, trazendo à pauta na Terapia a questão das festividades e que se desenvolva recursos capazes de amparar e harmonizar, para um melhor enfrentamento. Por exemplos, vivências e/ ou psicodramas, onde exercícios de imaginação conduzam o Cliente para as festas e situações de família, possibilitando a análise das reações, perspectivas e anseios, como um “treino” do que pode ocorrer, vivenciado no ambiente seguro de consultório. Outro bom recurso são as essências florais, bem escolhidas e personalizadas (não existe “floral para fim de ano”; cada caso é um caso, cada momento do Cliente, uma composição única e diferenciada de essências..), ou, na impossibilidade de acompanhar o quadro emocional no período, utilizar do Rescue Remedy (sistema Bach), tradicionalmente aplicado em situações emergenciais. Na verdade, TODAS as técnicas podem ajudar e muito, pois, quanto mais harmonizado o indivíduo, melhores serão suas condições em lidar com as adversidades. E para todos os que leram este texto, desejo um ótimo período de festas ! Em tempo: SEM nenhuma obrigação de ser feliz ! Henrique Vieira Filho Terapeuta Holístico - CRT 21001 , é autor de diversos livros da profissão, ministra aulas na CEATH - Comunidade de Estudos Avançados em Terapia Holística .
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